A vida é como uma bela tapeçaria; as nossas histórias individuais são compostas de inúmeros fios entrelaçados que criam a nossa experiência. Na frente vemos uma obra de arte colorida e vibrante. Atrás, vemos as imperfeições – partes um pouco gastas, fios sobrepostos, nós que se seguram, erros escondidos do olhar do observador. Para mim, é a analogia perfeita para a obra-prima das nossas vidas, cada uma com dias bons e maus, alegrias e tristezas, paz de espírito e peso do coração. Precisamos tanto dos pontos emaranhados como dos fios perfeitamente costurados para dar forma, significado e estrutura à nossa obra de arte.
Todos nós preferimos quando as coisas estão indo a nosso favor, mas uma parte essencial da vida é aprender a navegar pela tempestade, mantendo a calma e ancorados em meio ao caos. Quando a vida interrompe nossa paz de espírito e nos traz desafios, como inevitavelmente acontece, sempre temos a tendência de virar as costas e resistir. Medo, dor, perda e luto são sentimentos que ninguém gosta de sentir, então ao invés de olhar para eles e para a ansiedade e estresse que podem causar, nós tentamos não lidar com eles na esperança que desapareçam. O problema é que quando resistimos, entramos em conflito com a realidade e acabamos dando mais poder para esses sentimentos.
O caminho para a paz começa quando encaramos esses sentimentos e permitimos que eles venham e vão, sem a necessidade de controlá-los. Se pudermos chegar perto deles, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, com a disponibilidade interna de permanecer com a experiência e verdadeiramente aceitá-la, nos abrimos para a possibilidade de desembarcarmos no momento presente com paz e serenidade. Em outras palavras, precisamos continuar a construir nossa vida com paciência e resiliência, confiando no que o universo nos trará.
Aceitação não é resignação, pelo contrário, é ativa e comprometida. Não quer dizer que não devemos desejar que nossas experiências sejam diferentes no futuro. Simplesmente quer dizer que reconhecemos nossa maneira de ser aqui e agora. Quando aceitamos, quando podemos admitir que estamos com medo, ansiosos, sobrecarregados – damos voz a esses sentimentos mais complicados. Criar espaço para que eles venham para a superfície, com coragem e honestidade, é o primeiro passo para permitir que eles se dissipem. Onde há movimento, há esperança de liberação. Abrir mão do nosso controle sobre estes sentimentos é uma experiência fortalecedora porque no permite ficar menos identificados com eles. Nos mostra uma estabilidade em relação às flutuações da mente, uma distância dos nossos pensamentos que pode ser muito poderosa durante os momentos de stress.
Desenvolver práticas confiáveis que nos nutrem durante esses momentos de conflito interno é essencial para nosso auto-cuidado. Quando me sinto entrando numa espiral e sei que preciso dar prioridade a mim mesma, busco um lugar tranquilo e me refugio em minha respiração. Não precisa ser um lugar especial. O estresse e a ansiedade não esperam até que seja conveniente para aparecer. Seu santuário pode ser o banheiro, seu carro ou quarto.
1) Sente-se numa posição confortável, sem pressa, ou deite-se de costas. Feche os olhos, sinta o seu corpo e preste atenção em cada parte dele. Note como está se sentindo e como está sua atenção. Lembre-se de se permitir estar exatamente como está e abrir mão do controle e do desejo de que as coisas sejam diferentes.
2) Coloque sua mão direita sobre a barriga e a esquerda no coração e traga sua atenção para os movimentos da respiração. Em princípio, só observe. Note a velocidade, a profundidade e o ritmo. Observe onde a respiração é mais intensa (talvez no nariz ou no peito). Então, devagar traga a atenção ao seu nariz e permita que ela se expanda no seu peito. Sinta o ar levantar suas costelas e barriga na inspiração e esvaziar na expiração. Sinta o ar encher seu corpo na inspiração. Deixe seu corpo pesar e suavizar na expiração. Faça isso por vários minutos sentindo seu corpo fluir com as ondas da respiração e te acalmar.
3- Preste atenção nos movimentos da respiração e tire um momento para refletir no que você gostaria de expressar. Entre em contato com a fonte do seu conflito interno e note se você está resistindo a alguma coisa e como isso atrapalha sua paz interna. Dê espaço para expressar livremente seus pensamentos sentimentos e emoções. Note como isso aparece no seu corpo e fique presente na sensação. Permita sua intensidade quando você inspira e veja ela se dissipar devagar quando expira. Continue com essa prática até que consiga aceitar completamente as sensações. Ao invés de “deixar ir”, apenas “deixe que sejam”.
4) Quando sua mente tiver se acalmado, convide a quietude e amplitude para ficar em sua paisagem interior. Imagine um estado de espírito, onde, a qualquer momento, você pode facilmente acessar seu depósito de paz interior. Um ambiente onde uma sensação de calma flui naturalmente e ao qual você pode retornar rapidamente quando quiser. Permita que esta sensação inunde seu corpo e se perca nas ondas de relaxamento.
5) Quando sentir que está pronto, gradualmente, traga sua atenção de volta à respiração… inspire profundamente e expire completamente pelo nariz. Traga o foco para o espaço do seu coração, oferecendo a si mesmo um momento de amor e compaixão. Mais uma vez, sinta as mãos subindo e descendo com o movimento da respiração. Sinta-se seguro, apoiado e reconhecido. Ao terminar sua meditação, abra os olhos.
Que essa prática possa ser uma fonte de apoio mental e que te traga momentos de descanso e tranquilidade.
Conte para a gente se essa meditação te ajudou.
Angela Boltz
www.barefootbecause.com
Traduzido por: Flavia Totoli